terça-feira, 31 de julho de 2012

Ex-ministro Thomaz Bastos deixa defesa de Cachoeira, diz advogado (Postado por Lucas Pinheiro)

O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos não fará mais a defesa do bicheiro Carlinhos Cachoeira, afirmou nesta terça-feira (31) ao G1 o advogado Augusto Botelho, que integra a equipe de Thomaz Bastos. Segundo Botelho, todos os advogados da equipe do ex-ministro, como ele próprio – Botelho – e Dora Cavalcanti também deixarão o caso.

Ao G1, Thomaz Bastos se recusou a comentar o assunto. “Não estou falando sobre isso”, afirmou o ex-ministro.

De acordo com Botelho, as explicações sobre a saída da equipe de Thomaz Bastos do caso serão dadas em um momento posterior. O advogado disse que o rompimento do contrato foi amigável e que já estava sendo discutido com a família. A defesa entrará com as renúncias necessárias.

Carlinhos Cachoeira é acusado de ter utilizado agentes públicos e privados em um esquema de exploração do jogo ilegal em Goiás. Ele é réu em uma ação penal em Goiânia e suas relações são investigadas em uma CPI no Congresso.

Na semana passada, durante depoimento de testemunhas e interrogatório dos réus do processo contra Cachoeira em Goiânia, Thomaz Bastos não estava presente. Ele foi representado por Dora Cavalcanti e Augusto Botelho.

O advogado Augusto Botelho não quis explicar o motivo e nem se o fim do contrato com o contraventor tinha relação com o caso de Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, suspeita de ter tentado subornar o juiz do caso em Goiânia, Alderico Rocha.

O juiz federal Alderico Rocha Santos afirmou ao G1 nesta segunda-feira (30) ter sido chantageado por Andressa.

Santos é responsável pelo processo da Operação Monte Carlo na Justiça Federal, que culminou na prisão do bicheiro em fevereiro.

Segundo o magistrado, Andressa o procurou na quinta-feira (26) afirmando que teria um dossiê contra ele e, em troca da não-publicação, teria pedido um alvará de soltura para Cachoeira.

O juiz diz ter encaminhado ao Ministério Público um papel com nomes escritos por Andressa e imagens de sua entrada e saída no prédio da Justiça Federal.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cachoeira promete casar 'no primeiro dia' depois de libertado (Postado por Lucas Pinheiro)

O bicheiro Carlinhos Cachoeira prometeu, durante depoimento à Justiça Federal de Goiânia, nesta quarta-feira (25), se casar com Andressa Mendonça "no primeiro dia" após ser libertado. Eles vivem juntos, mas não são oficialmente casados.

Ao ser perguntado pelo juiz se era casado, ele afirmou: "É uma pergunta difícil", arrancando risadas do público, e emendou: "Se o MP me liberar, no primeiro dia, tá?", disse, olhando para a mulher Andressa que estava sentada no local destinado aos familiares.

O juiz, então, perguntou o endereço do bicheiro, e ele disse: "Agora tenho que perguntar para ela. Nem sei mais. Estou segregado há cinco meses", disse.

Andressa, então, tentou intervir para falar o endereço ao bicheiro. E o juiz advertiu: "Não pode, não, dona Andressa. É só ele aqui".

Quando o juiz passou para as questões relacionadas aos fatos do processo, Cachoeira passou a se recusar a responder. "Eu gostaria de fazer um bom debate com o Ministério Público, mas devido às falhas do processo, melhor eu não falar nada. Nós resolvemos não falar."

Depois, quando o juiz perguntou se ele teria outras observações a respeito das acusações, Cachoeira respondeu: "Só queria falar porque o sofrimento é muito grande, e a oportunidade é grande. Ela me deu a nova vida [olhando para Andressa]. Eu te amo, tá?" E Andressa falou do público: "Eu também."

Advertido pelo juiz de que não poderia falar com pessoas que assistiam à sessão, ele disse: "Essa declaração eu queria fazer em público, e hoje eu estou sofrendo demais porque eu virei um leproso jurídico. Hoje, quem me deu voto, até agora, foi o desembargador Tourinho [...] Isto me dói muito, este processo que eu estou passando, mas um dia tudo vai ser esclarecido e vão saber quem eu sou."

Depoimento
O depoimento de Cachoeira começou por volta das 16h50 e durou cerca de 15 minutos. Réu no processo referente à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, ele é acusado de comandar um esquema de exploração de jogo ilegal em Goiás.

Esta quarta (25) é o segundo dia de audiências destinadas a ouvir testemunhas de acusação e defesa do processo referente à Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso no fim de fevereiro. O contraventor e mais sete são réus na ação penal.

Além de Cachoeira, também são réus Lenine Araújo de Souza, apontado como braço-direito de Cachoeira; Gleyb Ferreira da Cruz, apontado na denúncia como auxiliar do contraventor; Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, suspeito de ter feito grampos ilegais a mando de Cachoeira; Wladimir Garcez, apontado como elo entre Cachoeira e o governo de Goiás; José Olímpio de Queiroga Neto, suspeito de atuar na abertura e fechamento de pontos de jogo ilegal; e Raimundo Washington Queiroga, irmão de José Olímpio. Geovani Pereira da Silva, acusado de ser o contador da quadrilha, é o único que está foragido.

Os réus respondem aos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas, violação de sigilo profissional. Além disso, também foram enquadrados em contravenção penal pelo jogo ilegal.

Tentativa de suspensão
Os advogados tentaram, sem sucesso, impedir o interrogatório dos réus. O advogado Leonardo Gagno, que defende três dos réus - Dadá e os irmãos Queiroga -, pediu o adiamento. "Que os interrogatórios sejam realizados após a perícia de todas as mídias eletrônicas apreendidas na casa dos réus, a fim de garantir a defesa na sua forma ampla."

O procurador Daniel Resende foi contra, argumentando que os acusados podem usar o direito constitucional de ficar em silêncio. "Mesmo que queiram falar, eles sequer têm o dever de falar a verdade."

O advogado Ricardo Sayeg, que defende Lenine, pediu a nulidade dos áudios grampeados que sustentaram a denúncia.

"A defesa sustenta a absoluta nulidade de todo o monitoramento e interceptação telefônica", disse, atribuindo o pedido ao depoimento das testemunhas de acusação que falaram sobre como eram ouvidas as ligações grampeadas. O juiz disse que tomará a decisão após a fase de instrução, ou seja, após os interrogatórios.

Julgamento
O magistrado Alderico Rocha falou no início da audiência desta quarta que o julgamento dos réus deve demorar cerca de um mês.

Após os interrogatórios, haverá prazo para a conclusão das diligências e, posteriormente, os advogados poderão apresentar as alegações finais antes de uma decisão da Justiça de primeiro grau.

Depois disso, se condenados, ainda podem à segunda instância, que é o Tribunal Regional Federal.
 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Familiares de Cachoeira assistem à audiência e pai diz que 'ele é Cristo' (Postado por Lucas Pinheiro)

Familiares do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acompanham a audiência das testemunhas de acusação do processo referente à Operação Monte Carlo, na qual o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi preso no fim de fevereiro. O contraventor e mais sete são réus na ação penal.

A mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, foi a primeira a chegar, acompanhada por duas irmãs de Cachoeira e sobrinhas do contraventor. O pai de Cachoeira, Sebastião Ramos, conhecido como Tião Cachoeira, chegou logo depois das 9h. Os familiares do contraventor ocupam 10 lugares nas fileiras localizadas à esquerda de Cachoeira, que está sentado na primeira fila. Logo na chegada, Andressa falou poucas palavras. "Estou ansiosa".

Cercado por jornalistas, Tião Cachoeira defendeu o filho e falou que a Operação Monte Carlo é política.

Perguntado se acreditava na inocência de Carlinhos, ele afirmou: "Inocência?! Ele é um Cristo. Vive sofrendo na mão desse povo, assim como Cristo na cruz", comparou.

Segundo Tião, Cachoeira não é bicheiro e nunca esteve envolvido com jogo. "Eu sei disso porque sou o pai dele. Eu o conheço e dei tudo o que ele tem", enfatizou. Na opinião de Tião, a Operação Monte Carlo está mal contada. Ele chega a sugerir que se trata de algo "encomendado" por políticos envolvidos com o escândalo do mensalão.

Sentado na primeira fila, Carlos Cachoeira não cumprimentou os familiares. Um policial federal armado está sentado ao lado do contraventor, que é acusado de chefiar uma rede de jogos ilegais em Goiás.

Cachoeira veste um terno preto, que foi levado pela mulher ainda na segunda-feira, quando ele chegou a Goiânia para a audiência. O outro réu preso do processo, Gleyb Ferreira da Cruz, apontado na denúncia do Ministério Público Federal de Goiás como auxiliar do contraventor, também acompanha da primeira fileira.

Os demais réus no processo, que chegaram a ser presos mas já foram soltos, estão na segunda fileira: Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, suspeito de ter feito grampos ilegais a mando de Cachoeira; Wladimir Garcez, apontado como elo entre Cachoeira e o governo de Goiás; José Olímpio de Queiroga Neto, suspeito de atuar na abertura e fechamento de pontos de jogo ilegal; Lenine Araújo de Souza, apontado como braço-direito de Cachoeira; e Raimundo Washington de Sousa Queiroga, irmão de José Olímpio.

Revista
Os advogados dos réus pediram para não serem revistados por agentes federais na entrada da Justiça Federal, procedimento pelo qual passaram os demais presentes, como jornalistas e familiares. O juiz concedeu.

O juiz consultou ainda os réus sobre se concordariam em deixar a imprensa fazer imagem e os sete réus presentes discordaram. Parte dos advogados também não quis ser fotografado ou filmado, e o juiz pediu para que os que discordavam se retirarem da sala momentaneamente juntamente com os réus.

"Quem deu a eles o poder de invadir a intimidade, de execrar, de condenar. O juiz não pode compactuar com isso", afirmou o advogado Ney Moura, advogado de Wladimir Garcez.

O Ministério Público Federal chegou a pedir a entrada de cinegrafistas, mas o juiz decidiu deixar a decisão sobre a liberação de imagens da audiência na parte da tarde. Foi permitida apenas a entrada de repórteres. Cinegrafistas e fotógrafos ficaram do lado de fora da sala de audiência.
 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Furacão da CPI: ‘Meu ex vazou o vídeo’ (Postado por Lucas Pinheiro)

BRASÍLIA - O responsável pelo vazamento de um vídeo íntimo da advogada Denise Leitão Rocha foi o homem que aparece com ela nas imagens, afirmou a assessora parlamentar em entrevista ao EXTRA neste domingo. Mais tranquila, medindo as palavras, Denise aceitou conversar pelo telefone sobre o turbilhão em que foi mergulhada nos últimos dias, contou o que pretende fazer de agora em diante e comentou o momento em que a gravação foi feita, há seis anos. Sobre o homem que aparece na cena, Denise avisa, com a voz firme: “Ele vai pagar por isso”.

De acordo com a advogada, ela já está com tudo pronto para ir à Justiça contra o o homem que considera culpado. Não diz seu nome, tampouco onde ele trabalha. Mas conta que tudo ocorreu em 2006. Ele teria aproveitado para filmar no momento em que ela acordava.

- Foi uma pessoa de seis anos atrás que fez essa maldade comigo. Isso pode ser visto no vídeo, eu estava acordando. Ele vai pagar por isso. Eu sou advogada, não nasci ontem nem me formei ontem. Estou tranquila. Ele expôs a minha intimidade. É dele que eu quero ir atrás – prometeu.

A assessora reforçou que a gravação não foi feita nas dependências do Senado, o que, segundo ela, fica claro aos que assistiram ao vídeo vazado na internet. Criticou ainda os boatos que rondam a situação e diz temer o prejuízo que a disseminação das imagens pode causar em sua vida:

- Eu tinha que ser demitida pra ontem se o vídeo fosse nas dependências do Senado. Eu não sou louca. Sou uma advogada. Não faria uma loucura dessa. Não estudei e me formei para acabar numa palhaçada dessas. Como eu vou fazer isso no Senado, para perder o meu emprego e depois sofrer um processo? O povo não para e pensa nisso – lamenta.

Sobre o emprego no gabinete do senador Ciro Nogueira, Denise diz que ainda se considera trabalhando lá e que não pretende procurar outro. Até porque ainda não viu sua situação definida.

- Primeiro, eu tinha sido demitida. Agora, não fui mais demitida. Está uma coisa meio solta. Então como eu vou procurar outro emprego? – pergunta, acrescentando: - O senador pode falar que eu sou celebridade, mas sabe a profissional que eu sou. Nunca dei trabalho naquele gabinete, pelo contrário, só ajudei. Sempre dei o apoio jurídico necessário.

Sobre o futuro, quer conciliar a busca por justiça com a reconstrução de sua imagem.

- Vou procurar restabelecer a minha dignidade. Isso não tem quem pague. Mas tudo isso, essa pessoa (que vazou o vídeo) vai pagar.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

'Furacão da CPI' está deprimida por causa de vazamento de vídeo picante, dizem amigos (Postado por Lucas Pinheiro)


A advogada Denise Leitão Rocha, assessora parlamentar do senador Ciro Nogueira (PP-PI), está na casa de amigos, em uma região administrativa de Brasília, fora do Plano Piloto da capital federal. Segundo amigos da advogada, Denise estaria deprimida e "muito mexida" com o vazamento do vídeo em que ela aparece em cenas picantes com um homem.

- Ela está chorando o dia todo, mal consegue falar. O vazamento do vídeo mexeu muito com ela. Ela está deprimida, muito mexida - afirmou uma amiga.

Denise não estaria mais na casa do pai desde a última quarta-feira. Ninguém soube informar se ela foi avisada da demissão anunciada na noite desta quarta-feira pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI). Ela deve ser comunicada sobre a decisão após retornar das férias.

Procurada, Denise não foi encontrada e não retornou as ligações para comentar sua saída do Senado. Mas a assessora tem recebido a solidariedade dos leitores. Para os internautas, a decisão de demiti-la é injusta e preconceituosa.



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Formalizado pedido de ‘reconvocação’ de Perillo (Josias de Souza)


O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolou na CPI do Cachoeira requerimento dereconvocação do governador tucano de Goiás Marconi Perillo. O pedido só será votado na comissão depois do recesso parlamentar, que começa nesta quarta (18). A próxima reunião da CPI está marcada para 2 de agosto.
Não são negligenciáveis as chances de Perillo ser arrastado de novo para o banco da CPI. Randolfe escora seu requerimento num relatório sigiloso da Polícia Federal. Veiculado no final de semana, o documento traz novos indícios contra o governador goiano. Segundo a PF, Perillo recebeu dinheiro da construtora Delta.
Em troca, informa o relatório, o governador liberou o pagamento de faturas emitidas pela empreiteira contra o governo de Goiás. Os acertos eram intermediados por Carlinhos Cachoeira. E incluíram o pagamento de um sobrepreço de R$ 500 mil na venda da casa de Perillo num condomínio fechado de Goiânia.
Em nota divulgada nesta segunda, Perillo tachou “infame e desleal” a reportagem da revista Época, que trouxe à luz as novidades. O governador alega que não lhe cabe investigar a origem dos recursos usados para o pagamento do imóvel que vendeu. Afirma que “um grupo dentro da CPMI trata de transformá-la em tribunal de exceção com um só alvo: o governador de Goiás, por ser adversário do PT.”
Curiosamente, Raldolfe Rodrigues, o autor do pedido de reinquirição, é filiado ao PSOL. Dono de uma única cadeira no Senado, o partido não teria direito de participar da CPI. Randolfe foi à comissão graças à generosidade do PSDB. O partido de Perillo cedeu-lhe uma vaga de suplente na CPI. Tornou-se um de seus mais ativos membros.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Jayme Rincón explica ligação com Cachoeira e garante: 'Vou falar na CPI' (Postado por Lucas Pinheiro)






Depois de apresentar dois atestados médicos para não depor na CPI do Cachoeira, o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, suspeito de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirmou neste domingo (15) ao G1 que irá comparecer ao depoimento marcado para o dia 22 de agosto no Congresso. O integrante do governo de Goiás falará aos parlamentares após ser flagrado em escutas telefônicas da Polícia Federal (PF) conversando com o suspeito de comandar jogos ilegais no estado, preso durante a Operação Monte Carlo.

Ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em 2010, Rincón disse que, desta vez, comparecerá à CPI e, inclusive, abrirá mão de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir um habeas corpus para ficar em silêncio. "Vou com a disposição de falar", assegurou o presidente da Agetop.

Reportagem publicada no domingo (15) pelo jornal "O Popular" revelou a transcrição de um diálogo entre Rincón e Cachoeira pelo celular do ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB). Na ocasião, o tucano liga para o chefe e fala sobre uma suposta “moeda de negociação” em uma vistoria técnica. Ele passa o telefone para Rincón, que recebe convite para tomar vinho. Ao fim da conversa, o presidente da Agetop diz: “Ó, pode deixar que (...) está tudo organizado, o Wladimir fala com você. E o outro assunto aqui tá caminhando”.

Após divulgada a gravação, Rincón recebeu jornalistas do G1 e da TV Anhanguera em sua casa, na noite de domingo, para falar sobre o conteúdo do diálogo. Disse que só soube do início da conversa, quando Garcez fala a Cachoeira da "moeda de troca", após a divulgação dos áudios. “Não sei de moeda nenhuma. Ele me usou para tentar mostrar bom relacionamento, tentar se impor no esquema empresarial. Não quero polemizar, mas acho que ele se excedeu”, reclamou.

Rincón conta que estava na sala, com dois diretores da Agetop, quando o ex-vereador chegou, e pediu para que ele aguardasse no sofá. “Ele começou a falar no telefone e, de repente, chegou e me disse: 'fala aqui, é o Carlinhos'. Eu nem queria atender, mas fui pego de surpresa", relatou.

Questionado sobre o que estaria "organizado" e qual outro assunto estava "caminhando", o presidente diz não se lembrar exatamente do que se tratava e apontou três possíveis assuntos: o empréstimo de uma casa em Búzios, imóvel que pertence a um deputado do Rio de Janeiro, a licitação do programa Rodovida ou uma parceria público-privada para a duplicação de estradas (Procedimento de Manifestação de Interesse -PMI).

Casa em Búzios
Rincón conta que estava de viagem marcada a Búzios (RJ), para verificar a pintura de uma casa de um amigo de Brasília, que ele e outro amigo ajudam a manter, para passar temporadas. O ex-vereador teria ouvido ele pedir para a secretária reservar uma hotel e ofereceu uma casa, no mesmo condomínio, para que ele ficasse no fim de semana. O imóvel seria de um deputado do Rio de Janeiro.

"Depois da viagem ele [Garcez] veio com a história de que o Carlinhos tinha arrumado a casa. Era só conversa, para parecer que eu devia algum favor para ele", diz o presidente da Agetop, citando como possível "outro assunto" que estaria "encaminhado". Mas depois diz não estar se esse foi o motivo.

Rincón não vê problema no fato de ter aceitado a casa de Búzios emprestada porque mantinha com o ex-vereador uma relação de cunho pessoal. "O Wladimir já foi casado com uma prima minha. Me encontrei com ele em várias reuniões de família. Sempre tive uma boa relação com ele e isso não deve mudar".

Encontros
O presidente da Agetop negou ter relações de amizade com Cachoeira. Afirmou ter conversado com ele por telefone apenas uma vez e se encontrou com o então 'representante da Delta' por três vezes, uma delas na casa do ex-senador Demóstenes Torres (sem partido), para tratar de assuntos relacionados a obras de pavimentação asfáltica nas rodovias goianas.

Nenhum dos três encontros teria sido para tomar vinho. "Não sou muito de tomar vinho, prefiro uísque, e quando saiu para beber, saio com o meu grupo de amigos", disse. O gestor público diz que recebeu diversos convites de pessoas ligadas ao contraventor, mas não aceitou nenhum deles.

Dinheiro
Jayme Rincón aparece em outros dois episódios a serem apurados pela CPI: um suposto empréstimo de R$ 600 mil fornecido pelo grupo de Cachoeira e o pagamento de R$ 10 mil ao radialista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou na campanha de Marconi Perillo em 2010, e alega ter recebido dinheiro de caixa dois.

Investigações da PF apontam que o grupo de Carlos Cachoeira depositou R$ 600 mil na conta da empresa Rental Frota Ltda., da qual o gestor público é sócio. Uma negociação que o contraventor chama de empréstimo, mas que Rincón disse se tratar de uma pagamento pela venda de 28 veículos intermediada por Wladimir Garcez.

Segundo o presidente da Agetop, o ex-vereador não teria conseguiu pagar o dinheiro na data marcada e pediu um prazo. “Penso que ele deve ter usado meu nome para conseguir o empréstimo com Cachoeira”, justificou. Disse ainda que se quisesse dinheiro emprestado procuraria um banco, e não um desconhecido.

Rincón nega que tenha concedido algum privilégio à Delta. “Durante o período das interceptações eu apliquei mais de R$ 2 milhões de multas à Delta, por causa de problemas nas execução de obras em rodovias. Na licitação do Rodovida, eles queriam o lote 18 e não conseguiram”, pontua.

Bordoni
Tesoureiro da campanha de Perillo em 2010, o presidente da Agetop foi apontado pelo jornalista Luiz Carlos Bordoni como uma das pessoas que o pagaram, pelos serviços prestados à coligação tucana, com dinheiro de caixa dois (não declarado à Justiça Eleitoral).

Segundo Rincón, o jornalista o procurou e disse que precisava receber, mas não tinha nota fiscal. Ele teria respondido que só faria o pagamento com o documento. Mas Bordoni teria reclamado que estava em dificuldades e não tinha como pagar da nota. “Eu disse que pagava o valor da nota, por isso o valor não é redondo, é R$ 33 mil e alguma coisa”, explica.

Aneurisma
Rincón falou, durante a entrevista ao G1, sobre o problema de saúde que enfrenta desde que descobriu três aneurismas na cabeça. Disse já ter ido até para a França atrás do melhor tratamento, tentando evitar uma cirurgia. Mas a possibilidade ainda está sob análise. Está indo à comissão, segundo ele, contrariando a orientação médica. "Uma CPI é uma situação de estresse intenso que eu deveria evitar, mas eu vou", garante.

Sobre a venda da casa do governador de Goiás, o presidente da Agetop disse que não tomou parte na transação. Ele criticou a postura de membros da CPI em relação ao negócio: “Querem transformar a comissão na CPI da venda da casa do Marconi. Eu não vou lá para falar disso. Vou para falar de contratos. Porque se você dissociar o Cachoeira da Delta não vai chegar a lugar nenhum”.

quarta-feira, 11 de julho de 2012


Senado decide hoje sobre cassação de Demóstenes Torres


Desprezado por colegas, Demóstenes deve ser 2º senador cassado na história

Considerado até março por colegas como um dos principais quadros do Congresso e cogitado até para uma eventual...

    Considerado até março por colegas como um dos principais quadros do Congresso e cogitado até para uma eventual candidatura à Presidência da República nas eleições de 2014, Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) deve entrar hoje para a história como o segundo senador cassado no País por quebra de decoro parlamentar.
    Por causa de suas relações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Demóstenes poderá compartilhar o destino do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), que, 12 anos atrás, deixou o Congresso por mentir sobre seu envolvimento no desvio de verbas federais na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
    Caso sua cassação se confirme no plenário hoje - a votação será secreta -, Demóstenes deverá voltar ao cargo de procurador de Justiça de Goiás, do qual se licenciou em 2001 a fim de se eleger pela primeira vez senador da República. No retorno, está na iminência de ser investigado pelos colegas de Ministério Público.
    "Na hipótese de o senador ter o mandato cassado, é preciso que o Ministério Público de Goiás, o Ministério Público Federal e o Conselho Nacional do Ministério Público apurem o fato de Demóstenes ter usado a sua influência e seus conhecimentos para defender interesses de Carlinhos Cachoeira dentro do Ministério Público", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho.
    "Ele não pode ser duplamente condenado", afirmou o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
    Demóstenes tenta provar que não mentiu aos pares a respeito de seu envolvimento com Cachoeira. Ele afirma ser apenas amigo do contraventor. A Polícia Federal descobriu que os dois trocaram 300 telefonemas.
    Falando sozinho. A falta de respaldo dos colegas senadores é apontada como crucial para sua cassação. Nos últimos sete dias ele foi ao plenário tentar se explicar. Ele acabou falando para cadeiras vazias do Senado.
    Uma série de fatores devem levar Demóstenes à cassação, preveem seus colegas. Na já pequena oposição, da qual foi líder do Democratas, o senador ficou praticamente isolado desde que deixou o partido para não ser expulso no dia 3 de abril. Na base aliada, por sua postura contundente contra o governo e arrogante, segundo os colegas, colecionou desafetos como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Eunício Oliveira (PMDB-CE), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Os três têm muita influência sobre os votos dos pares.
    Demóstenes, que chegou a pedir a cassação de Renan quando ele presidia o Senado, tentou se aproximar do líder peemedebista nos últimos dias na esperança de salvar o mandato. "Vamos cassá-lo", resume um líder peemedebista, integrante da maior bancada da Casa, com 19 senadores.
    Não sabia. No primeiro discurso que fez em plenário, dia 6 de março, o senador negou ter concedido qualquer favor a Cachoeira. O senador disse apenas ser amigo, tendo recebido dele um presente de casamento avaliado em R$ 50 mil. Ele afirmou ainda que não sabia que Cachoeira, preso dias antes pela PF na Operação Monte Carlo, estava envolvido com o jogo do bicho.
    O senador, contudo, foi atropelado pelos vazamentos das conversas entre os dois nos últimos quatro meses. Ao Conselho de Ética, Demóstenes admitiu que teve a conta de um aparelho Nextel, que recebeu de Cachoeira, paga pelo contraventor. Uma deferência que Cachoeira só repassava para o chamado "clube do Nextel", segundo escutas.
    "Cassar um senador porque recebeu um aparelho Nextel é muito cruel, é desproporcional", afirmou Kakay, para quem este é "o ponto mais delicado". O advogado encerrou ontem a entrega aos 80 senadores, no gabinete ou em mãos, de um memorial com a defesa do parlamentar: os discursos feitos por Demóstenes em plenário desde a semana passada e a defesa que o senador fez ao conselho no dia 25 de julho.
    O memorial tem 32 páginas. Cita o ativista americano Martin Luther King: "A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à Justiça em todo lugar". E também o poeta português Fernando Pessoa: "Ergo-me da cadeira com esforço monstruoso, mas tenho a impressão de que levo a cadeira comigo, e que é mais pesada, porque é a cadeira do subjetivismo."
    Em todos os pronunciamentos e nas conversas privadas, Demóstenes tem baseado sua defesa no fato de que foi investigado ilegalmente sem autorização do Supremo Tribunal Federal e que, mesmo assim, nada se provou nos grampos das conversas entre os dois. "Mas eu resisti e chego à véspera da votação com a cabeça erguida e a convicção de que a verdade prevalecerá", afirmou Demóstenes no discurso ontem, mais um da série daqueles que foram ouvidos por menos de dez senadores.
    Rito. A sessão de cassação de hoje está marcada para as 10 horas e não há previsão para acabar. No rito dos trabalhos definidos ontem, vão falar, pela ordem, os relatores do conselho, Humberto Costa (PT-PE), da CCJ, Pedro Taques (PDT-MT), e o partido que fez a representação, o PSOL. Logo depois disso, os lideres partidários e parlamentares poderão se pronunciar. Em seguida, a defesa poderá falar por até 30 minutos. Demóstenes deve fazer o oitavo e último discurso da série. A partir daí, será realizada a votação secreta, cujo resultado será divulgado em um painel eletrônico, sem os nomes dos autores.

    quinta-feira, 5 de julho de 2012

    CPI decide nesta quinta se convoca Cavendish e Pagot para depor (Postado por Lucas Pinheiro)


    A CPI que apura as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com empresários e políticos realiza na manhã desta quinta-feira (5) reunião administrativa para votação de requerimentos. Entre os mais de 300 pedidos na fila, deverão ser colocados em pauta primeiro os que convocam, para depor, o dono da Delta, Fernando Cavendish, o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT).

    Cavendish deixou o comando da construtora em meio ao escândalo, após revelação da ligação do ex-diretor da Delta Centro-Oeste Cláudio Abreu com o bicheiro. As investigações da Polícia Federal apontam ainda que a construtora repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas a Cachoeira, supostamete usado para pagamento de propina e caixa dois em campanhas.

    O pedido para chamar Pagot foi apresentado após declarações de que teria deixado o Dnit,  em meio a uma série de denúncias de irregularidades no ano passado, após pressão do grupo de Cachoeira, que defendia interesses da Delta no órgão. Em entrevistas, ele também disse que era procurado por diversos partidos para captar, junto a empreiteiras, doações ilegais para campanhas políticas.
    Em 14 junho, os mesmos requerimentos para convocar Pagot e Cavendish estavam na pauta de votações, mas acabaram retirados pelo relator, Odair Cunha (PT-MG). Na época, ele disse que as convocações deveriam ser feitas somente após análise da documentação já em poder da CPI.

    Já o requerimento para convocação de Raul Filho surgiu após vídeo, revelado pelo Fantástico, em que ele aparece com Cachoeira numa reunião, ainda em 2004, quando concorria à Prefeitura de Palmas. Na gravação, Cachoeira se dispõe a pagar um show na reta final da campanha; em outro, oferece R$ 150 mil para um assessor. Na conversa, Raul menciona oportunidades a serem exploradas nas áreas de lixo, transporte e água na capital do Tocantins.

    Além desses requerimentos, foram apresentados pedidos para ouvir o próprio Cachoeira, que se recusou a falar na primeira vez que esteve na CPI, em maio. Um deles, do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), propõe que três integrantes da comissão visitem Cachoeira no presídio da Papuda, onde está encarcerado desde 18 de abril, após um período de dois meses preso em Mossoró (RN).

    No último domingo (1º), em entrevista ao programa Fantástico, a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, disse que Cachoeira "talvez" poderia falar sobre políticos que se relacionavam com ele.

    terça-feira, 3 de julho de 2012

    CPI da Delta rejeita pedidos para ouvir Cachoeira, Bordoni e Perillo (Postado por Lucas Pinheiro)


    A CPI da Delta, realizada na Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia, rejeitou, na manhã desta terça-feira (3), a convocação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Também foram rejeitos, por 3 votos a 2, os requerimentos para ouvir o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o jornalista Luiz Carlos Bordoni.
    Votaram contra os requimentos apresentados pelos deputados Mauro Ruben (PT) e Daniel Vilela (PMDB) os três integrantes da base governista que compõem a CPI: o relator Talles Barreto (PTB), o líder do PSDB na Casa, Túlio Isac, e o presidente da comissão Helio de Sousa (DEM). Segundo os deputados governistas, Cachoeira deverá ser ouvido em outro momento.

    Sobre a rejeição do convite a Perillo para depor, o presidente Helio de Sousa justificou: "Enquanto a CPMI [em Brasília] e a CPI [em Goiás] não desencarnarem do Marconi nós não vamos nos lembrar da Delta, que é o verdadeiro dessa comissão". A CPI goiana foi criada para investigar o possível envolvimento de autoridades e políticos com a contravenção e o crime organizado, e, ainda, a atuação das empresas Delta e Gerplan no estado.

    A intimação do jornalista Luiz Carlos Bordoni também não foi aprovada. Bordoni afirma ter recebido dinheiro de caixa dois para trabalhar na campanha do tucano. O pagamento, segundo ele, ocorreu tanto em espécie, com R$ 40 mil entregue pelo próprio Perillo, quanto por depósitos de empresa ligada ao contraventor.
    Em depoimento à CPI, o ex-vereador Wladimir Garcez, considerado o braço político de Cachoeira, disse que os depósitos feitos pela empresa Alberto e Pantoja na conta da filha de Bordoni são referentes a um "patrocínio", conseguido por meio de uma chantagem.
    Na justificativa do voto, o deputado Túlio Isac lembrou declarações polêmicas atribuídas ao jornalista pela imprensa. "Bordoni já viajou com marcianos, já passeou com Jesus Cristo, então, ele não tem muita credibilidade para falar que Marconi [Perillo] tirou dinheiro do freezer", disse o tucano.

    Para o deputado Mauro Rubem, a posição dos governistas, desmoraliza a comissão. "Se não ouvir o Cachoeira, Luiz Carlos Bordoni e o governador ela perde o sentido", reclamou o petista.

    segunda-feira, 2 de julho de 2012


    Prefeito do PT é pilhado em vídeo de Cachoeira (Josias de Souza)



    Raul Filho, prefeito petista de Palmas, capital do Tocantins, é estrela num vídeo recolhido pela Polícia Federal na casa de um ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira. Na peça, o prefeito negocia com o contraventor verbas para sua campanha. Em troca, oferece negócios na administração que assumiria.
    O vídeo é de 2004, ano em que Raul Filho obteve seu primeiro mandato como prefeito. Apreendido no curso da Operação Monte Carlo, veio à luz em reportagem exibida peloFantástico. Contém diálogos claros como água de cachoeira.
    Raul introduz o assunto: “Viu, Carlinhos, o que a gente busca é o seguinte: nós temos um projeto político, um projeto de poder no Tocantis. Palmas é um estágio.” Pragmático, Cachoeira vai ao ponto: “Mas Raul, o que você está precisando lá, hein?”.
    Sem muitos rodeios, Cachoeira lança a isca: “Você acha que um grande show seria bom para você lá na reta final [da campanha]?”. O petista Raul morde o anzol: “Ah, com certeza”. O então candidato como que escancara as portas de sua futura administração para o provedor.
    Raul soa assim no vídeo: “Lá é tudo mesmo na base do arranjo, sabe? Palmas tem uma série de oportunidades a ser explorada [sic], no campo imobiliário, transporte… Lá tem uma questão que nós vamos rever, a concessão de água.”
    Depois de abrir o cardápio de negócios, convida Cachoeira a se servir: “Essa composição, isso depende muito de vocês, em que área vocês querem atuar.”
    Cachoeira mostra-se interessado. Além de custear um show, providenciaria verbas. Indica um auxiliar para negociar as compensaçõe$: “Eu posso falar que até sexta vou dar uma posição para você do show e o que nós podemos entrar aí em verba. Você vê com o Alexandre aí qual o nicho que a gente pode participar posteriormente.”
    Noutro vídeo, gravado semanas depois, às vésperas da eleição municipal de 2004, Cachoeira recebe um preposto do futuro prefeito. Um personagem que a PF identificou como Sílvio. Travada em timbre vadio, a conversa gira em torno de uma cifra e do modo como a verba escoaria de Cachoeira para as arcas eleitorais de Raul.
    Sílvio diz a Cachoeira: “É comprometer esses R$ 150 mil e o show com coisas palpáveis. Vai acontecer o seguinte, nós vamos tentar fazer isso, certo? Porque se eu puder ter uma aposentadoria e o Raul ter uma, tudo bem.” E Cachoeira, sempre pragmático: “Você trabalha em cheque?” O representante de Raul responde afirmativamente: “Cheque. Dinheiro não.”
    Cachoeira concorda. Fala dos riscos de transportar o mimo de Goiânia para a capital do Tocantins em moeda sonante: “Você não tem nem como passar com esse dinheiro no raio x, você vai de avião não é?”. Tomado pela resposta, Sílvio pareceu ter experiência em transações do gênero: “Eu não mexo com dinheiro de jeito nenhum.”
    Cachoeira indaga: “É para pagar quem, é um só?” Sílvio ilumina os caminhos do caixa dois: “Lá é o seguinte, sabe o que fazer? Passo para o Alexandre um fax de umas cinco contas pulverizadas, que não têm nada a ver com campanha. Chega lá, amanhã, não tem problema nenhum.”
    Procurado para comentar o conteúdo radioativo dos vídeos, o prefeito Raul Filho não foi localizado. A assessoria da prefeitura de Palmas informou que não conseguiu achá-lo. Esse é o terceiro filiado do PT a ser exposto no caso Cachoeira. Os outros dois são: Antônio Gomide, prefeito de Anápolis (GO); e Rubens Otini, deputado pelo PT de Goiás