quinta-feira, 31 de maio de 2012

Demóstenes se cala na CPI, sessão tem bate-boca e é encerrada (Postado por Lucas Pinheiro)

O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu encerrar a sessão de depoimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) nesta quinta-feira (31) após a recusa dele em falar aos integrantes da comissão e depois de um bate-boca entre parlamentares - um a favor e outro contrário ao direito de Demóstenes ficar calado.

Demóstenes é suspeito de ter utilizado o mandato para beneficiar os negócios do contraventor Carlinhos Cachoeira. Em depoimento no Conselho de Ética do Senado na terça, ele negou a acusação.

Demóstenes chegou à CPI às 10h40 e logo afirmou que não responderia a perguntas e permaneceria em silêncio durante a sessão, usando a "faculdade prevista na Constituição Federal de permanecer calado".

Assim que Demóstenes manifestou a intenção de não falar, o deputado Silvio Costa (PTB-PE) começou a questionar a postura do colega, chamando-o, aos gritos, de "hipócrita" e "mentiroso".

"Se o céu existir, o senhor não irá para o céu, porque o céu não é lugar de mentiroso. Não é lugar de gente hipócrita!", disse Costa.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) então pediu a palavra e repreendeu a atitude de Costa, defendendo o direito de Demóstenes ficar calado. "A Constituição diz que devemos tratar a todos com urbanidade. Não cabe a qualquer parlamentar expor o outro, mesmo em se tratando de CPI", afirmou.

Costa se irritou com o comentário de Taques e voltou a criticar Demóstenes. "Vou lhe chamar agora de ex-futuro senador porque esse seu silêncio... Você vai ter 80 votos a favor da sua cassação. Você é um hipócrita, você trabalhou contra o país, você é um demagogo!", bradou Costa.

Com a troca de ofensas, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou a sessão e autorizou Demóstenes Torres a deixar a sala.

De pé e com dedo em riste, Costa disse a Taques: "Você é um merda!". O xingamento foi presenciado pelos integrantes da comissão e por jornalistas presentes à sessão.

Costa deixou a sala aos gritos e, em entrevista, criticou Taques. "Ele é metido a paladino da ética. Ele tem que assumir: foi defender Demóstenes. Ele é um dos defensores do Demóstenes. Ele hoje tirou a máscara", disse.

'Abuso'
No mesmo momento, Taques foi cercado por colegas da CPI, que o defenderam. "Isso é um abuso de autoridade parlamentar. Nenhum cidadão pode ser humilhado", afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). "Os líderes podem falar, mas tem que ser com elegância. Está errado o que o Silvio fez", disse o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

Indagado em entrevista se proporia uma representação contra o deputado por quebra de decoro, Taques afirmou: "Vou analisar o que será feito. Agora, você não pode representar por ofensa ao decoro contra quem não tem decoro". Ele disse ainda que não faz parte da "chacrinha" de Silvio Costa e que "desabafos se fazem em boteco, não em CPI".

Silêncio
No início de sua fala, após dizer que iria ficar calado, Demóstenes informou que iria encaminhar à comissão as notas taquigráficas e a degravação do depoimento que deu na última terça (29) ao Conselho de Ética do Senado, onde responde a processo por quebra de decoro parlamentar.

"Comunicamos que nós permaneceremos calados, uma vez que nosso advogado está providenciando junto ao Conselho de Ética a degravação desse depoimento que eu fiz, bem como as notas taquigráficas da sessão para que sejam encaminhadas a essa CPI", afirmou.

Nesta terça, Demóstenes falou por mais de cinco horas no Conselho de Ética do Senado, que o investiga por quebra de decoro parlamentar. O senador é suspeito de ter utilizado o mandato para beneficiar os negócios do contraventor. Demóstenes negou a acusação.

Em discurso e após ser interrogado por parlamentares, ele voltou a afirmar que é amigo de Cachoeira, admitiu que o contraventor pagava sua conta de celular, mas negou que tivesse conhecimento de irregularidades cometidas pelo bicheiro. Demóstenes disse que vive o "pior momento" de sua vida e que se sente traído por Cachoeira. Ele afirmou ser vítima do "maior massacre da história".

"Nunca sofri tanto na minha vida. Eu sou um homem que tem vergonha na cara. [...] Eu sou um carola", disse Demóstenes aos demais parlamentares.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

CPI convoca governadores de Goiás e do DF para depor


quarta-feira, 30 de maio de 2012 15:08 BRT

BRASÍLIA, 30 Mai (Reuters) - A CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais, com políticos e empresas aprovou nesta quarta-feira a convocação de dois governadores suspeitos de ligações com o esquema que seria comandado por ele.
Os parlamentares aprovaram a convocações dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Os membros da comissão também rejeitaram o requerimento para que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), comparecesse à comissão para dar explicações.
Perillo e Queiroz são citados nas investigações das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que servem de base para os trabalhos da CPI.
Já Cabral, não é citado, mas é amigo pessoal de Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, suspeita de ter Cachoeira como sócio oculto e que teria sido usada por ele para lavar dinheiro obtido com jogos ilícitos.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)






terça-feira, 29 de maio de 2012

Após 5 horas, Demóstenes nega ter usado mandato em favor de bicheiro (Postado por Lucas Pinheiro)

Em depoimento de cinco horas no Conselho de Ética do Senado, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) negou nesta terça-feira (29) que tenha usado seu mandato para favorecer o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro sob a acusação de comandar uma quadrilha de jogo ilegal.

Em discurso e após ser interrogado por parlamentares, ele voltou a afirmar que é amigo de Cachoeira, admitiu que o contraventor pagava sua conta de celular, mas negou que tivesse conhecimento de irregularidades cometidas pelo bicheiro. Demóstenes disse que vive o "pior momento" de sua vida e que se sente traído por Cachoeira. Ele afirmou ser vítima do "maior massacre da história".

O senador goiano responde a processo disciplinar no conselho por suspeita de quebra de decoro parlamentar, sob acusação de ter utilizado o mandato para auxiliar os negócios de Cachoeira. O depoimento começou por volta das 10h20, e a sessão foi encerrada por volta de 15h20.

No depoimento ele afirmou ser inocente das acusações de envolvimento com a quadrilha que explorava jogos ilegais. "Nunca sofri tanto na minha vida. Eu sou um homem que tem vergonha na cara. [...] Eu sou um carola", disse Demóstenes aos demais parlamentares.

Celular pago por Cachoeira
Ao responder um questionamento do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Demóstenes admitiu que o bicheiro deu a ele um aparelho nextel habilitado nos Estados Unidos e que Cachoeira pagava a conta do telefone. Segundo a Polícia Federal, o telefone era habilitado nos Estados Unidos para que as conversas não fossem interceptadas.

O senador disse que não via quebra de decoro em usar telefone pago por Cachoeira, segundo ele cerca de R$ 50 por mês. Randolfe contrapôs e diz que há irregularidade no fato de um servidor público receber qualquer quantia ou benefício de um ente privado. Demóstenes afirmou, então, que não teria aceitado se soubesse antes o que sabe agora sobre Cachoeira.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) perguntou ainda a Demóstenes qual é a razoabilidade de um senador usar um telefone habilitado nos EUA, e Demóstenes respondeu que é por "questão prática" porque o telefone poderia ser usado para falar no Brasil e também nos Estados Unidos.

De acordo com Demóstenes, o aparelho não era usado somente para falar com o bicheiro. "Não tinha lanterna na popa e não tinha como adivinhar que o rádio era utilizado para outras atividades", disse. Demóstenes afirmou que usou o rádio "por comodidade", porque poderia se comunicar com facilidade.

“Hoje é fácil de dizer que foi um erro, Eu não sabia a dimensão que isto tinha, nem que era utilizado para outras atividades”, disse.

Dinheiro do bicheiro
O senador rebateu ainda denúncias de que teria recebido dinheiro do esquema criminoso. Segundo as investigações, ele teria recebido o valor de pelo menos R$ 1 milhão. "Não entrou um milhão na minha conta. “Nem R$ 1 milhão, [...] nem 3 mil reais, em nenhum momento isso entrou na minha conta ou me foi dado de qualquer maneira”, disse o senador.

“Estou entregando as cópias de minhas duas contas que em nenhum momento foi depositado R$ 1 milhão na minha conta. As provas documentais estão aqui”, disse.

Traído e alcagueta
Indagado pelo relator do processo, senador Humberto Costa (PT-PE), se sentia-se traído pelo bicheiro, Demóstenes afirmou: “Acho que todo mundo [se sente traído]. Todo mundo que se relacionou com ele e não tinha conhecimento [das atividades ilegais]. Todos nós ficamos na pior situação.”

“O que eu sabia era que me relacionava com um empresário que se relacionava com cinco governadores, e outras dezenas de políticos e empresários. Sim, ele tinha vida social, sim [...] Reafirmo que tinha amizade com ele, sim”, disse.

Costa perguntou se a amizade era "íntima" e Demóstenes respondeu: "De certa forma, sim". Durante sua fala, o senador voltou a confirmar que recebeu presentes do bicheiro.

Depois, ao fazer questionamentos, o senador Randolfe Rodrigues perguntou quem eram os cinco governadores citados. Demóstenes respondeu dizendo que os nomes estão na imprensa e que ele não vai fazer papel de "alcagueta".

Gravações da PF e foro privilegiado
O senador também tentou desqualificar as conversas telefônicas registradas pela Polícia Federal nas investigações sobre a quadrilha de Cachoeira. Segundo ele, algumas gravações foram “montadas”.

“Não [reconheço minha voz em todas as gravações], por isso pedi perícia. Tem muita coisa truncada, editada. Evidentemente que muitas conversas eu travei, agora, muitas conversas foram editadas e montadas”, afirmou.

Demóstenes disse ainda que os grampos são ilegais e deveriam ter sido autorizados pelo Supremo Tribunal Federal. Como é senador e tem foro privilegiado, ele argumenta que a Polícia Federal não poderia ter registrado as conversas sem antes pedir permissão ao STF.

“Tenho condições de enfrentar todas as acusações no mérito. Agora, o fato é que a investigação é ilegal e coloca em risco a democracia no Brasil”, afirmou. Segundo ele, o país corre o risco de se tornar uma “República comandada por procuradores e delegados”.

“Se o Supremo entender que o a investigação pode ser feita pelo primeiro grau e não pelo Supremo, vamos viver numa República comandada por delegados e procuradores do Ministério Público”, disse.

Durante o depoimento, o senador Mário Couto (PSDB-PA) perguntou ao colega: A voz das gravações é sua? Demóstenes responde: "Em grande quantidade sim, mas truncadas." Mário Couto disse então que, se a voz é de Demóstenes, "a coisa está bem atrapalhada". "Respeito sua posição, senador", disse Demóstenes.

Para o senador, existe uma intenção por parte do Ministério Público e da polícia de “amedrontar” os ministros do Supremo. Os inquéritos da PF relativos à investigação sobre Cachoeira trazem conversas telefônicas em que ministros do STF são citados por Demóstenes.

“Vivemos um perigo e a função principal é amedrontar os ministros do Supremo. Os ministros estão com medo porque dá a impressão de que o senador é criminoso e se aproximou do Supremo para aproximar o contraventor do Supremo. Fui investigado clandestinamente, mas tenho condição de me defender no mérito e já disse que muitas das coisas apresentadas são edições“, afirmou.

'Vivo o pior momento da minha vida'
No início de sua fala, Demóstenes afirmou que "resistiu até o momento" às acusações porque "redescobriu Deus". "Redescobri Deus. Se eu cheguei até aqui, é porque readquiri a fé", afirmou.

Ele disse ainda que, desde que as denúncias sobre sua relação com o contraventor vieram à tona, sua vida sofreu mudanças. “Vivo o pior momento da minha vida. Vivo um momento que jamais imaginaria passar. A partir de 29 de fevereiro deste ano, eu passei a enfrentar algo que jamais enfrentei. Depressão, remédio para dormir, que não faz efeito, fuga dos amigos e a campanha sistemática mais orquestarda da história do Brasil”, disse.

O senador afirmou que chegou a pensar “as piores coisas”. “Confesso que pensei nas piores coisas. Pensei em renunciar meu mandato”, disse.

Legalização do jogo
Logo no começo do depoimento, o senador Demóstenes Torres afirmou que não tem relação com jogos ilegais. "Eu não tenho nada a ver com o jogo. Devo essa explicação principalmente à minha mulher, aos meus filhos, às senhoras e aos senhores. [...] Os procuradores, os senhores delegados podem até brigar, mas num ponto eles convergem. Eu jamais tive qualquer participação em esquema de jogos ilegais", afirmou.

Ele admitiu que conversou com o contraventor sobre o projeto que tramitava na Casa sobre legalização dos jogos, mas negou ter feito algum tipo de articulação para que a matéria fosse aprovada.

“Eu indago se eu procurei algum parlamentar aqui para falar sobre isso. Nunca [...] Se toda a conversa que tivermos com pessoas que têm pleito aqui for levado para a quebra do decoro, imagino onde vai parar” disse Demóstenes, que completou: "Não há quebra de decoro em se comentar um projeto com quem quer que seja."

Sobre o relatório elaborado pelo senador Humberto Costa, Demóstenes disse que há elementos que precisam ser debatidos.

Em um dos trechos do relatório, o relator observou que no dia 5 de novembro de 2008, a CCJ do Senado, sob a presidência do então senador Marco Maciel, votou e aprovou o projeto de lei 274/2006, oriundo da CPI dos Bingos, que tinha o objetivo de criminalizar a exploração de jogos de azar e tornar mais eficiente a punição nos casos de lavagem de dinheiro.

“Eu quero lembrar que eu votei contra a relevância e a urgência por imposição constitucional, porque não era mérito. Tratava-se de matéria preliminar e acompanhei orientação partidária, como mostram as notas taquigráficas daquela sessão."

Demóstenes afirmou que era a favor do projeto da legalização dos bingos desde que o recursos gerados com os jogos fossem utilizados para a implementação de escolas de tempo integral.

'Sócio oculto' da Delta
Sobre o relacionamento com a Delta Construções, empresa suspeita de participar do esquema do contraventor, o senador afirmou que nunca foi sócio da empresa, e que não conhece Fernando Cavendish, diretor afastado da empresa. “Não existe isto. É factódide. Como eu posso ser sócio de alguém que não conheço”.

Gravações da PF apontaram que Demóstenes teria tentado beneficiar a Delta. Em documento do processo que corre no Supremo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, argumenta que evidências apontam que Demóstenes atuava como "sócio oculto" da Delta.

“O sócio oculto da Delta não sou eu. Se existe, procurem com uma lupa maior porque não sou eu.”

Demóstenes também negou que tenha feito lobby para a Delta, mas admitiu que fez duas visitas à empresa, uma delas para devolver um iPad que ganhou dos assessores de Cachoeira.

'Jogou verde'
Ainda em sua fala, Demóstenes disse que, em 2011, Cachoeira revelou para ele e para Marconi Perillo, governador de Goiás, que tinha largado a contravenção e se tornado um "empresário dentro da legalidade".

No depoimento, Demóstenes disse que "jogou verde" com Cachoeira uma vez dizendo que havia uma operação da Policia Federal para investigar jogos ilegais. O senador afirmou que fazia "testes" para detectar se Cachoeira ainda mantinha aitividades ilegais."Evidentemente que o único propósito era para saber se ele ainda estava no jogo", justificou.

PGR prevaricou
O senador Demóstenes afirmou ainda que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, "prevaricou" ao suspender, em 2009, as investigações da Operação Vegas, que apurou esquema de jogo ilegal supostamente comandado pelo contraventor.

"Ele [Gurgel] pervaricou [faltou com o dever]. Prevaricação para satisfazer sentimento ou interesse pessoal. Pode ser que não se prove o sentimento pessoal, mas em relação a improbidade administrativa, mais dia menos dias, o procurador vai ter de responder por isso", afirmou Demóstenes Torres.

As investigações, na época, já apontavam a ligação de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e com os deputados federais João Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Em resposta enviada a CPI Mista que investiga as relações do bicheiro com o políticos e empresários, o procurador disse que se não tivesse tomado a decisão de impedir a abertura do inquérito, não teria sido desvendado o esquema criminoso.

Na explicação que encaminhou à CPI Mista, Gurgel afirmou que os "elementos colhidos na operação Monte Carlo", posterior à Vegas, que resultou na prisão de Cachoeira, são uma "demonstração inequívoca do acerto da decisão de sobrestamento [suspensão]" da Vegas. Demóstenes criticou o procurador por não "fazer nada".

"Não arquivou, não pediu diligência, não fez nada. E mais, os argumentos que ele [procurador] fez, para que as investigações sejam retomadas no futuro [...] A outra operação nem começou na Polícia Federal, começou no Ministério Público de Goiás", disse Demóstenes.

CPI aprova quebra de sigilo das contas nacionais da construtora Delta (Postado por Lucas Pinheiro)

A Comissão Parlamentar Mista criada para apurar o elo do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários aprovou na tarde desta terça-feira (29) a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico das contas nacionais da construtora Delta.

Segundo investigação da Polícia Federal, a Delta, uma das empresas com mais contratos com o governo federal, repassou dinheiro para empresas fantasmas que abasteciam o grupo de Cachoeira.

As investigações da Polícia Federal mostram que somente a Alberto & Pantoja Construções recebeu da Delta nacional R$ 26 milhões. A empresa funcionaria numa oficina mecânica, numa cidade perto de Brasília. Na conta da Brava Contruções, que, segundo a polícia, também é uma empresa de fachada que serve ao esquema de Carlinhos Cachoeira, a Delta nacional depositou pouco mais de R$ 13 milhões.

Em 17 de maio, foram quebrados os sigilos das filiais da empresa no Centro Oeste, que estavam sob o comando de Claudio Abreu, preso pela Polícia Civil na Operação Saint-Michel, ação conjunta com a Polícia Federal.

Claudio Abreu é citado em conversas telefônicas nas investigações da PF sobre a quadrilha do bicheiro.

“Penso que está ficando meio inexplicável não se conseguir votar essa quebra de sigilo da Delta. Devemos apoiar e votar por unanimidade essa quebra de sigilo. Quem tiver dúvidas é só verificar o volume de dinheiro [relacionado à Delta] nas investigações da PF”, afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que se inscreveu para discursar a favor da quebra de sigilo. Nenhum parlamentar discursou para defender a rejeição do requerimento.

O único a votar contra a quebra do sigilo da Delta nacional foi o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Pouco depois da aprovação, a sessão da CPI foi encerrada.

Convocação de governadores
Antes, a CPI havia decidido adiar para o dia 5 de junho, na próxima reunião administrativa da comissão, a votação dos requerimentos de convocação de governadores.

O deputado Gladson Cameli (PP-AC) apresentou questão de ordem dizendo que a CPI violaria o princípio de separação de poderes caso convocasse governadores.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) rebateu a posição do deputado. "Não há nenhuma interferência de poderes", afirmou o parlamentar. Diante da divergência, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) afirmou que consultaria a assessoria jurídica do Senado e daria uma resposta à questão de ordem na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para o dia 5 de junho.

"Como há duas correntes de pensamento, uma respeitando o regimento do Senado e outra ampliando os poderes da CPI, citando a legislação federal, vou respeitar o parecer técnico da minha assessoria. Trago uma resposta na próxima reunião", afirmou.

A CPI recebeu requerimentos de convocação dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Agnelo e Merconi Perillo são citados por integrantes da quadrilha de jogo ilegal comandada por Cachoeira em conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal. Já Sérgio Cabral aparece em fotos durante uma viagem a Paris ao lado do presidente licenciado da construtora Delta, Fernando Cavendish.

É a terceira vez que os parlamentares deixam de votar requerimento para chamar governadores a depor. No último dia 17 de maio, a sugestão para votar foi apresentada, mas a reunião foi suspensa antes por pressão do PSDB, PT e PMDB, principalmente. A votação de convocações foi adiada novamente na quinta-feira passada (24), por acordo entre parlamentares dos mesmos partidos.

Gilmar Mendes pede encontro com Lula e depois diz ter sofrido ‘pressão’ do ex-presidente

26/5/2012 16:44, Por Redação - de São Paulo
 

Demóstenes
Gilmar Mendes era amigo de Demóstenes Torres
O ministro do STF Gilmar Mendes pediu o encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril. A reunião ocorreu no escritório do ex-ministro de Lula e ex-integrante do STF Nelson Jobim. Um mês depois, com o andamento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, Mendes vai à revista semanal de ultradireita Veja e, em entrevista, afirma que partiu de Lula o pedido para que o Supremo adiasse o julgamento do processo conhecido como ‘mensalão’. A assessoria do ex-presidente informa que Lula não pretende comentar as declarações de Gilmar Mendes à revista que, por sua vez, também está envolvida com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, personagem central de um escândalo que envolve governadores, parlamentares, como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), e empresários, liderados por Fernando Cavendish, ex-proprietário da construtora Delta.
A matéria de Veja, divulgada neste sábado apenas na edição impressa, foi repercutida no diário paulistano conservador Folha de S. Paulo e, nela, Mendes afirma que “Lula procurou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes para tentar adiar o julgamento do mensalão. Em troca da ajuda, Lula ofereceu ao ministro, segundo reportagem da revista Veja publicada neste fim de semana, blindagem na CPMI que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários”.
– Ora, se partiu do ministro o convite para o encontro com Lula, no gabinete do (Nelson) Jobim, é preciso perguntar antes porque o Gilmar Mendes está com tanto medo da CPMI do Cachoeira – afirmou a fonte, ao Correio do Brasil, em condição de anonimato.
Mendes confirmou ao diário paulistano o encontro com Lula, sem dar detalhes, mas disse ter ficado “perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. Ainda segundo a revista, Lula teria dito ao ministro que o julgamento do mensalão seria “inconveniente”. De acordo com a reportagem, Lula teria feito “referências a uma viagem a Berlim em que Mendes se encontrou com o senador Demóstenes Torres”.
Um dos principais envolvidos no processo em curso no STF, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, amigo do ex-presidente Lula, segundo a fonte ouvida pelo CdB, seria o último interessado em adiar o julgamento da questão no Supremo.
– Por mais de uma vez o (José) Dirceu já reafirmou seu interesse em ver encerrada, o quanto antes, essa questão. Segundo os advogados dele, não há qualquer prova de envolvimento do ex-ministro nas irregularidades apontadas no processo – disse.
Ainda segundo a reportagem de Veja, Lula teria procurado, em seguida, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, que negou ter havido qualquer contato com o ex-presidente, exceto em um recente almoço no Palácio do Alvorada, na ocasião da instalação da Comissão da Verdade, quando Lula convidou Ayres Britto para um vinho com ele e o amigo comum, Celso Antonio Bandeira de Mello.
– Estive com Lula umas quatro vezes nos últimos nove anos e ele sempre fala de Bandeirinha. Ele nunca me pediu nada e não tenho motivos para acreditar que havia malícia no convite – disse Britto aos jornalistas. Ele acrescentou que a “luz amarela” só acendeu quando Gilmar Mendes contou sobre o encontro, “mas eu imediatamente apaguei, pois Lula sabe que eu não faria algo do tipo”, concluiu.

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Deputado diz que relator age como 'tchutchuca' ou 'tigrão' na CPI (Postado por Lucas Pinheiro)

O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) chamou o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), de “tchuchuca”, ao criticar as perguntas feitas pelo petista ao ex-vereador de Goiás Wladimir Garcez durante reunião da CPI do Cachoeira nesta quinta-feira (24). Apontado como um dos principais auxiliares do Cachoeira, Garcez falou nesta terça na comissão, que investiga as relações do bicheiro com políticos, autoridades e empresários

Após Garcez ler um breve depoimento, Odair Cunha fez uma série de perguntas ao ex-vereador sobre o envolvimento da quadrilha de jogo ilegal de Cachoeira com o governador de Goiás, Marconi Perillo, que é do PSDB, e apenas uma pergunta sobre a relação do bicheiro com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT.

Os deputados tucanos Fernando Franchischini (PR) e Carlos Sampaio (SP), então, acusaram o relator da CPI de direcionar as perguntas para prejudicar o governador de Goiás.

“Quando o relator faz perguntas sobre a Delta nacional e o governador Agnelo, ele é tchutchuca. Quando pergunta sobre o governador Perillo, ele é tigrão”, disse Francischini.

Imediatamente, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) saiu em defesa do relator e discutiu asperamente com o tucano. Segundo o petista, alguns parlamentares usam “palavras de efeito” nas sessões abertas da comissão para “aparecer na mídia”. Diante da crítica, Fernando Francischini se colocou de pé e, com dedo em riste, iniciou um bate-boca com Dr. Rosinha.

“Não admito que alguém me diga que eu não tenho moral para criticar o relator. Um relator que é tchuchuca quando a questão envolve o PT, e é tigrão quando envolve o PSDB. Fiquei de pé para mostrar minha indignação”, explicou Francischini após a discussão.

Dr. Rosinha disse que apenas criticou a mudança de postura dos parlamentares quando as sessões da CPI são abertas. Segundo ele, para aparecer nos jornais, os deputados e senadores agridem os colegas. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), teve de intervir para serenar os ânimos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cachoeira não deverá falar por pelo menos seis semanas, diz advogado (Postado por Lucas Pinheiro)

O advogado do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, afirmou nesta terça-feira (22) que seu cliente deverá permanecer calado por pelo menos mais seis semanas. Convocado a falar nesta terça na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, o contraventor se recusou a responder as perguntas dos parlamentares.

Após a reunião da CPI, Bastos afirmou que Cachoeira só falará depois de ser julgado pela Justiça Federal de Goiás e após a análise, pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, de um habeas corpus que pede a anulação das escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal nas investigações sobre a quadrilha de jogo ilegal comandada pelo bicheiro.

Além disso, o advogado afirmou que precisa de tempo para estudar a totalidade dos inquéritos da Operação Monte Carlo e Vegas, que investigaram as ações do contraventor.

"O que eu acredito? Que decorrido esse tempo, que é bastante, aproximadamente seis semanas, sete semanas, teremos tempo de examinar o processo, de terminar o processo de Goiânia e de julgar esse habeas corpus no Tribunal Regional Federal", afirmou.

De acordo com o advogado, a audiência de Cachoeira com o juiz da 11ª Vara de Goiânia está marcada para os dias 31 de maio e 1ª de junho, mas não há data para análise do habeas corpus pelo TRF-1. Márcio Thomaz Bastos disse ainda que a equipe que defende Cachoeira não começou a estudar os autos da Operação Vegas, deflagrada em 2009 pela PF.

"Temos uma equipe estudando as dezenas de milhares de gravações e dezenas de milhares de páginas escritas nesses processos. Já olhamos um pouco da Monte Carlo, falta olhar a Vegas. A segunda coisa, ele tem um julgamento marcado para o dia 31 de maio e 1º de junho na 10ª Vara Federal da de Goiânia. Então, ele não vai falar antes disso", disse.

Delação premiada
Márcio Thomaz Bastos também afirmou que não "cogitou" recomendar a Cachoeira que aceite o benefício da delação premiada. A lei prevê benefícios como redução de pena e cumprimento de prisão em regime semi-aberto a réu que aceite colaborar com as investigações e entregar partícipes de crimes.

"Não tenho a menor ideia disso, nem nunca ouvi falar [que isso tenha sido sugerido pelo Ministério Público a Cachoeira]. Não foi cogitada essa possibilidade", disse o advogado do bicheiro.

terça-feira, 22 de maio de 2012


Cachoeira não responde a perguntas, e CPI decide encerrar sessão (Postado por Lucas Pinheiro)

Após duas horas e meia de sessão na qual o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, se recusou a responder perguntas,  os integrantes da CPI mista que apura a relação do bicheiro com políticos e autoridades aprovaram requerimento da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) que colocou fim à reunião.

"Estamos fazendo um papel ridículo, diante deste cidadão que está nos manipulando. Estamos perguntando para uma múmia, que não quer responder", disse a senadora.

O contraventor Carlinhos Cachoeira afirmou logo no começo do seu depoimento que foi "forçado" a vir a comissão. Ele se negou a responder a todas as perguntas feitas pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), e pelos demais parlamentares.

Cachoeira foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, durante a Operação Monte Carlo, e levado para a penitenciária de Mossoró (RN). Em abril, foi transferido para o presídio da Papuda, em Brasília. Cachoeira é apontado como chefe de uma quadrilha que explorava o jogo ilegal em Goiás e tinha vínculo com autoridades públicos e parlamentares, segundo a investigação da PF. Ele foi levado para depor na CPI por um comboio da Polícia Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

"Constitucionalmente, fui advertido pelos advogados para não dizer nada. E eu não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que teremos com o juiz, depois, se acharem que posso contribuir, responderei a qualquer pergunta", afirmou Cachoeira na primeira fala na sessão.

O depoimento
O relator da CPI foi o primeiro a formular pergunta a Cachoeira. Ele quis que Cachoeira dissesse qual era o ramo de atividade dele. Sentado ao lado do advogado Márcio Thomaz Bastos, o bicheiro afirmou que só responderia após audiência na Justiça.

"Eu ajudaria muito, deputado, mas somente depois da minha audiência. Por enquanto, ficarei calado, como manda a Constituição", declarou Cachoeira.

O relator formulou outras duas perguntas sobre empresas relacionadas a Cachoeira, mas ele também se recusou a responder.

O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) reclamou do silêncio do bicheiro. "O depoente não pode achar que aqui tem um monte de palhaço", afirmou.

Na última pergunta do relator, Cachoeira foi indagado sobre a relação com agentes públicos que têm foro especial, como parlamentares com os quais tem vínculo. "Estou respondendo a um inquérito na Justiça e antes disso não posso falar. Quem forçou minha vinda foram os senhores", declarou Cachoeira.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) quis saber sobre relações de Cachoeira com secretários do governador Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal. "Desculpa, por orientação dos meus advogados vou permanecer calado", declarou o bicheiro. Sampaio depois indagou sobre uma suposta relação de Cachoeira com o ex-ministro José Dirceu (PT). "Eu vou permanecer calado", voltou a afirmar o bicheiro.

O deputado Fernando Francischini indagou Cachoeira sobre a "estrutura" usada para "cooptar autoridades e jornalistas" e perguntou se ele aceitaria um acordo de delação premiada eventualmente proposto pela Procuradoria-Geral da República. "Eu só falo...", disse Cachoeira ao ser interrompido pelo presidente da CPI, que passou a palavra a outro parlamentar.

O deputado Filipe Pereira (PSC-RJ) insistiu com a proposta de delação premiada, mas Cachoeira novamente se negou a responder.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) perguntou como estava o cotidiano do bicheiro no presídio da Papuda, em Brasília e também quis saber de onde saía o dinheiro para pagar os honorários do advogado Márcio Thomaz Bastos. "Eu só quero permancer calado", afirmou na resposta.

Às perguntas do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), entre as quais as que o indagavam sobre as relações com o governo do Distrito Federal e sobre a eventual convocação da ex-mulher dele, Cachoeira repetiu a frase "Calado, senhor".

"O que estamos fazendo aqui? Estamos permitindo aqui um exercício e um treino ao depoente e aos seus advogados. Estamos antecipando algo que se daria com mais efetividade depois que ele falar à Justiça", afirmou o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).

Por causa do silêncio de Cachoeira, o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), deixou a sala da CPI antes do término da reunião. “Nós sabemos que há uma cachoeira de crimes, de corrupção, de sujeira. Mas não houve cachoeira de respostas. O espetáculo é de acinte à instituição parlamentar. Não há juramento para o depoimento e não há respostas às indagações. Então, não há justificativa para a manutenção desse espetáculo grotesco que estamos assistindo agora”, afirmou.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) propôs a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico da empresa Delta, construtora que teria conexões com Cachoeira, segundo a investigação da Polícia Federal. Ele também sugeriu acareação entre Cachoeira e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit). "Sozinho é muito fácil ficar quieto. Mas eu tenho certeza de que quando a quadrilha briga, a sociedade se informa", declarou o parlamentar.

Para deputado Sílvio Costa (PTB-PE), "o Cachoeira pautou a CPI". "O competente advogado Thomaz Bastos vai pegar nossa perguntas e treinar o cliente. Vai todo mundo rir da gente. Para não continuarmos com esse espetáculo ridículo, concordo com a senador Kátia", afirmou Costa.

‎‎O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) considerou que a sessão da CPI não foi "inútil", embora Cachoeira não tenha respondido às perguntas. "Quando o acusado não fala para não produzir provas contra si, é uma declaração de culpa. Esta sessão não foi inútil", disse.

Domingos Sávio, deputado do PSDB-MG, insistiu na proposta de delação premiada, mas Cachoeira novamente se negou a responder.

"As pessoas podem dizer que sou ingênuo [...]. Mas acho que o sr. é um ser humano. Tem o dispositivo da delação premiada. O sr. pode ter sim sua pena não só abrandada, mas também extinta, pelo serviço que o sr. prestar à nação [...] O sr. estaria disposto a contribuir aceitando a delação premiada?", perguntou Sávio. "Com todo o respeito, uso meu direito de ficar calado", disse o bicheiro.

sábado, 19 de maio de 2012


Coluna Panorama Político de Hoje (19-05-2012 - SÁBADO-FEIRA) do jornal O Globo (Blog de Ilimar Franco), no Painel do Paim


Abandonado
          O governador Marconi Perillo (GO) está irritado com a tibieza do PSDB em fazer sua defesa no Caso Cachoeira. Na terça-feira, dia 15, no apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Brasília, Marconi cobrou solidariedade ativa dos dirigentes tucanos. Ele fez amarga reclamação do senador Cyro Miranda, herdeiro de seu mandato, que se nega a defendê-lo. Marconi foi taxativo: se ele cair, as perdas não serão apenas regionais, mas afetará os projetos e planos nacionais do partido.

Cheiro de enrolação
A defesa de Carlos Cachoeira mal está pesquisando os autos do processo na sala-cofre do Senado. Nesta semana, advogados estiveram terça-feira, por apenas 30 minutos. Quarta-feira, dois advogados fizeram pesquisa, um por 31 minutos e, outro, por cerca de 2h30min. Um deles, Augusto Botelho, saiu reclamando que o material estava bagunçado e que seria melhor ler os autos de sua própria casa. Se a defesa tem os autos, para que pedir protelação de prazo? O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) enviou estas informações ao ministro Celso de Mello, do STF, para mostrar que o pedido de habeas-corpus da defesa de Cachoeira é uma chicana protelatória.

"O problema do PT com o PMDB na CPI é que nós não concordamos com a proposta do (senador Fernando) Collor de investigar a imprensa” — Henrique Alves, líder do PMDB na Câmara (PMDB-RN)

DIPLOMACIA PRESIDENCIAL. A presidente Dilma conversou pelo telefone durante cerca de uma hora, na quinta-feira, com o presidente da China, Hu Jintao. Insistiu para que ele viesse para o Brasil durante a Conferência Rio+20. Trataram também da crise mundial. Segundo relato feito por Dilma aos seus ministros, o chinês afirmou que as exportações do Brasil para seu país não serão afetadas pela desaceleração da economia chinesa.

Contra a parede
Foi por orientação da presidente Dilma que o Executivo decidiu tornar público o salário de todos os seus funcionários. Os Poderes Legislativo e Judiciário, que costumam pagar salários mais polpudos, foram colocados numa saia justa.

Mordomia
Atendendo a pedido corporativo da OAB, o líder do Bloco (PTB-PR) senador Gim Argello (PTB-DF) apresentou um projeto de lei estabelecendo que 5% de todas as vagas nos prédios públicos sejam reservadas para uso dos advogados.

Vem aí a superterça
Agenda cheia na próxima terça-feira. Na CPI está previsto o depoimento do contraventor Carlos Cachoeira; no Conselho de Ética, tem o depoimento da primeira testemunha de defesa de Demóstenes Torres, o advogado Ruy Cruvinel; na Câmara, está marcada a votação da PEC do Trabalho Escravo; no TSE, existe a perspectiva de conclusão do pedido do PSD para receber recursos do Fundo Partidário; e, no STF, os ministros fazem nova sessão administrativa para debater ritos e procedimentos do julgamento do mensalão.

De olho nas urnas
A direção do PSDB decidiu dar uma mãozinha aos seus candidatos a prefeito nas capitais. Vai distribuir as inserções nacionais na televisão, previstas para o mês de junho, para dividir entre seus principais candidatos nos estados.

Impasse
Os partidos que não são de esquerda da base do governo Dilma estão cobrando o envio de um projeto de lei regulamentando com clareza o trabalho escravo. Alegam que a sociedade não pode ficar à mercê da interpretação dos fiscais.

DEPOIS do pito, o líder do PSDB no Senado Álvaro Dias (PR) subiu à tribuna para defender o governador de Goiás: "Temem a presença de Marconi Perillo nessa CPI. Temem o que ele possa dizer."
CARTEIRAÇO. Virou Lugar comum. Cada vez que os petistas defendem uma tese polêmica, invocam o ex-presidente Lula e dizem que o fazem em seu nome.
GUERRILHA. Ex-jornalistas, que trabalham para empresas de "gestão de crise" a serviço dos investigados pela CPI do Cachoeira, se misturam com os repórteres nas entrevistas para cavar informações sobre os rumos da investigação.

sexta-feira, 18 de maio de 2012


Novas gravações da PF complicam jornalista da Veja



Áudio aponta que Policarpo Júnior sabia dos negócios de Cachoeira com a Delta

Novos áudios da Operação Monte Carlo que vazaram na internet complicam ainda mais a situação do jornalista da revista Veja Policarpo Júnior, gravado pela Polícia Federal em ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e citado pelo grupo do contraventor em dezenas de diálogos.
As gravações são de 10 de maio de 2011. Em diferentes trechos, Cachoeira conversa com o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, deixando claro que Policarpo sabia da ligação do contraventor com a Delta. Mas, segundo Cachoeira, Policarpo não iria divulgar nada porque a intenção era mostrar outra questão ligada à empresa.
Em um dos trechos, Cachoeira diz que Policarpo não os “colocaria em roubada” e que ele “sabia de tudo” sobre a relação de Cláudio Abreu, a Delta e o bicheiro.
— O Policarpo é o seguinte: ele não alivia nada, mas também não te põe em roubada, entendeu? Eu falei, eu sei, ó: “Inclusive vou te apresentar depois, Policarpo, o Cláudio, eu sou amigo”, eu falei que era amigo do cê de infância. E ele: “Então, ele trabalha na sua empresa”, falou assim, “vai me contar que você tem ligação com ele”. Ele [Policarpo] sabia de tudo. “Eu não vou esconder nada de você não, Policarpo, o Cláudio é meu irmão, rapaz”.
O jornalista não teria interesse em publicar essa informação. A intenção dele era mostrar que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu havia ajudado a Delta a “entrar em Brasília” durante a gestão do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
Policarpo teria ficado sabendo por uma fonte fora do grupo de Cachoeira que houve uma reunião em Itajubá (MG) e estaria atrás de um flagrante da entrega de “dinheiro vivo”. O bicheiro, entretanto, negou que tenha ocorrido essa reunião e desmentiu a informação.
No final de semana anterior, a revista Veja publicou a reportagem “O segredo do sucesso”, em que vinculava o crescimento da empresa Delta à consultoria de José Dirceu.
Segundo Cachoeira, no diálogo gravado pela PF, Policarpo o consultava porque confiava nele.
— Aquela hora eu tava com Policarpo, rapaz. Antes do almoço ele me chamou para conversar. Mil e uma pergunta, perguntou se a Delta tinha gravação, defendi pra caralho vocês, viu. [...] O Policarpo, ele confia muito em mim, viu? Vô ter que mostrar a mensagem que ele mandou antes, 10 horas da manhã para me encontrar aqui em Brasília, eu tava aqui fui me encontrar com ele.
Mesmo diante da resposta de que Cachoeira teria defendido a empresa, Cláudio Abreu pergunta:
— O cara vai aliviar pra cima da gente?
O bicheiro então confirma que “a história” que Policarpo queria era outra e pede que o ex-diretor da Delta esqueça o assunto.
– Não, não fala que eu te falei tá? Mas a história tá em cima de Itajubá, tá na reunião, que aquilo lá já deu, esquece, ô, Claudio, esquece, falei mil e uma coisa.
Procurada pela reportagem do R7, a revista Veja disse que não vai comentar o assunto.
Depoimento
Na última reunião da CPI, na quinta-feira (17), mesmo com apoio do senador Fernando Collor (PTB-AL) e de parte da bancada do PT, os parlamentares desistiram de pedir à PF as gravações telefônicas das conversas entre Cachoeira e o jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal da revista Veja e um dos redatores-chefes da publicação.
Diante da forte reação da oposição e de parlamentares da base aliada, a comissão preferiu apoiar uma proposta para pedir à PF o repasse, ordenado por nome, de todos os grampos telefônicos feitos nas operações Vegas e Monte Carlo.
Em termos práticos, a decisão não muda em nada a intenção de acesso às conversas do jornalista.
Para justificar o envio das conversas entre o contraventor e o jornalista, Collor disse, no início dos debates, que é preciso analisar os trechos dos diálogos para verificar se fica comprovado “um conluio mancomunado entre Policarpo Júnior e Carlinhos Cachoeira”.
O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), insistiu na aprovação do pedido de Collor com o argumento de que “nenhuma profissão pode cometer crimes”.
— Esse jornalista teve uma relação de 10 anos com esse criminoso.
O delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, disse em depoimento à CPI, que o jornalista Policarpo Júnior sabia das ligações entre Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A informação foi publicada pela revista Carta Capital.
Mesmo assim, Veja mostrava para seus leitores Demóstenes como referência de ética no Senado.

quinta-feira, 17 de maio de 2012


CPI do Cachoeira aprova quebra de sigilos da construtora Delta (Postado por Lucas Pinheiro)

A Comissão Parlamentar de Inquérito criada para apurar o elo do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários aprovou nesta quinta-feira (17) a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da construtora Delta. Serão investigados dados das filiais da empresa em Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.

Segundo investigação da Polícia Federal, a Delta, uma das empresas com mais contratos com o governo federal, repassou dinheiro para empresas fantasmas que abasteciam o grupo de Cachoeira.

Na sexta-feira (11), a Justiça do Distrito Federal já havia decretado a quebra de sigilos da Delta em todo o país e o bloqueio de bens de Carlinhos Cachoeira, Claúdio Abreu, ex-diretor da empresa, e outras seis pessoas investigadas pela Operação Saint-Michel, um desdobramento da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira.

A CPI também aprovou nesta quinta a quebra dos sigilos de Cláudio Abreu, preso desde o fim de abril. Outras empresas citadas nas investigações da PF também tiveram os sigilos quebrados.

Durante a votação do requerimento, deputados e senadores da oposição defenderam que a CPI quebrasse os sigilos da empresa Delta em todo o país, não apenas das filiais da empresa no Centro-Oeste e Tocantins. Essa proposta ainda vai a votação.

“A gente vai separar o que a gente acha que tem indício e deixar de investigar a empresa no restante do país? A Controladoria Geral da Uinião indicou 60 contratos da Delta sob investigação por superfaturamento”, argumentou o deputado Fernando Francischini (PSDB-DF).

Já o relator da CPI, Odair Cunha, defendeu que apenas a Delta Centro-Oeste, que foi comandada por Claudio Abreu, tivesse o sigilo quebrado. “Entendo que neste momento não há indícios que me levem a propor a quebra de sigilo ampla, geral e irrestrita da Delta e do senhor Fernando Cavendish. Vamos iniciar quebrando os sigilos bancário e fiscal de todas as filias da Delta que estiveram sob o comando do senhor Claudio Abreu. E o sigilo dele nós já quebramos”, disse.

Operação Saint-Michel
Os integrantes da CPI também aprovaram requerimento que pede informações à Polícia Civil do Distrito Federal sobre a Operação Saint-Michel. A operação resultou no bloqueio dos bens do bicheiro Carlinhos Cachoeira, de Claudio Abreu e de outras seis pessoas denunciadas por formação de quadrilha e tráfico de influência. Todos foram acusados de tentar fraudar licitação da bilhetagem eletrônica no transporte público do Distrito Federal.

A quebra de sigilo determinada pela Justiça do Distrito Federal abrange dados das contas correntes e declarações de Imposto de Renda dos investigados a partir de janeiro de 2009 até os dias atuais. No caso da Delta, a determinação de quebra de sigilo abrange contas da empresa em todo o país.

quarta-feira, 16 de maio de 2012


Grupo da CPI vai patrocinar ‘guerrilha de ações’ para bloquear bens e reter pagamentos à Delta (Josias de Souza)




Arregimentado pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), um grupo de congressistas da CPI do Cachoeira decidiu promover um cerco judicial à Delta Construções. Concebida à margem da comissão, a iniciativa é qualificada por Miro, advogado de formação, como uma “guerrilha de ações”.
Integram o grupo congressitas da banda independente do condomínio governista e também oposicionistas. Na linha de frente, além de Miro, encontram-se os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Planejam agir já nesta semana.
Antecipando-se à iminente declaração de “inidoneidade” da Delta pela Controladoria-Geral da União, o grupo vai protocolar na Justiça Federal, em Brasília, uma ação popular contra a empreiteira e a União. A peça começou a ser redigida nesta terça (15). Assenta-se em dois pilares de natureza cautelar.
Pretende-se requerer à Justiça o bloqueio dos bens da Delta e a abertura de uma conta bancária judicial para que a União deposite em juízo os pagamentos à empreiteira, maior tocadora de obras do PAC. “Não vamos deixar que esses camaradas saiam com os bolsos cheios de dinheiro e às gargalhadas”, diz Miro.
Egresso do Ministério Público Federal, o ex-procurador da República Taques classifica a Delta como “empresa pastel”. Suspeita que sob a fachada da sexta maior empreiteira do país não há senão “pastas e telefones”. O senador escora suas suspeitas na recém-anunciada venda da Delta à J&F Participações.
“Como pode uma empresa de 40 anos, que amealhou contratos de quase R$ 5 bilhões com o setor público nos últimos oito anos, ser vendida assim, num intervalo de menos de 40 dias?”, questiona Taques. A transação tem contornos inusitados. Não envolve o desembolso de nenhum centavo do comprador.
Controladora do frigorífico JBS, do qual o BNDES é sócio com 31,4%, a J&F assumiu o controle da Delta na última segunda-fiera (14). Fará uma auditoria nos contratos e nas contas. Concluída a varredura, vai decidir se exerce ou não a opção de compra. Se fechar negócio, vai pagar a Fernando Cavendish, o dono da Delta, com os dividendos que a empreiteira for capaz de amealhar.
Depois de protocolar a ação de Brasília, o grupo parlamentar que age à margem da CPI levará sua “guerrilha” aos Estados onde a Delta beliscou contratos públicos. Taques, por exemplo, patrocinará uma ação no Mato Grosso. Miro verá o que já foi feito no Rio e o que ainda é preciso fazer. Informados sobre o movimento, outros congressistas arregaçam as mangas.
Miro relata: “O Ônix Lorenzoni [DEM-RS] me disse que, no Rio Grande do Sul, ainda não tem nenhuma ação contra a Delta. Mas a empresa está querendo receber por lá R$ 30 milhões, R$ 40 milhões. Então, ele quer entrar com uma ação no Estado.”
De resto, o grupo analisa até esta quinta (17) que outras iniciativas podem ser adotadas no âmbito do governo federal. Analisa-se, por exemplo, a hipótese de protocolar uma petição na Advocacia-Geral da União, órgão responsável pela defesa dos interesses do governo no Judiciário.
Todas essas iniciativas poderiam ser adotadas por meio da CPI. Decidiu-se agir por cima da comissão para fugir ao torniquete burocrático. Há, hoje, cerca de 200 requerimentos pendentes de votação. Se optassem por apresentar suas requisições na CPI, o grupo teria de sujeitar-se à fila, ao crivo do relator Odair Cunha (PT-SP) e à aprovação da maioria.
“A CPI não tem poder para decretar coisas como bloqueio de bens e abertura de conta judicial. Teríamos de aprovar requerimentos e, depois, peticionar à Justiça. Então, vamos direto ao Judiciário, numa ação paralela”, afirma Miro. Taques ecoa o colega: “A CPI recorreria à Procuradoria do Senado, que poderia preparar a ação. Mas nós não precisamos tratar disso na comissão. Podemos atuar como parlamentares.”
O grupo parlamentar reúne-se regularmente desde o início dos trabalhos da CPI, há duas semanas. Decidiu agir num encontro realizado na noite de segunda (14), no restaurante do Clube de Golfe de Brasília. Acometido por uma crise de sinusite, Jarbas Vasconcelos endossou as deliberações pelo telefone.
Por ora, a CPI não logrou ouvir nenhum membro da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. O depoimento do contraventor, que seria tomado nesta terça (15), foi suspenso pelo ministro Celso de Mello, do STF, e remarcado pela CPI para a próxima terça (22).
No plano de trabalho apresentado pelo relator Odair e aprovado pela CPI, a Delta só começa a ser roçada no dia 29 de maio. Nesse dia, pretende-se realizar a inquirição de Cláudio Abreu, o ex-diretor da empreiteira para a região Centro-Oeste. Ele foi demitido depois vieram à luz suas relações com a quadrilha de Cachoeira. Relações fortes o bastante para que a Justiça decretasse sua prisão preventiva.
Há na CPI três requerimentos de convocação de Fernando Cavendish, o sócio majoritário que negociou a Delta com o grupo J&F. Mas o relator absteve-se de levá-los em conta no seu cronograma. O PT esforça-se para circunscrever a investigação da Delta ao Centro-Oeste, evitando que a CPI chegue às obras do PAC.
A empeiteira exibe um portfólio de cerca de R$ 4 bilhões em obras públicas. Os recebíveis somam cerca de R$ 900 milhões. Se o grupo extra-CPI tiver sucesso em sua investida judicial, essa verba seria depoistada em juízo. Afora os contratos firmados com a União, a Delta opera em 23 Estados.

domingo, 13 de maio de 2012


Coluna Panorama Político de Hoje (13-05-2012 - DOMINGO) do jornal O Globo (Blog de Ilimar Franco), no Painel do Paim


Em pé de guerra
          É crítica a relação da Polícia Federal com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Os policiais reclamam que ele não defende suas necessidades junto ao governo; não acompanha os projetos legislativos de interesse da PF; não garante investimentos mínimos para as operações policiais; e não nomeou três dos sete diretores, além do corregedor. Dizem que o ministro só se preocupa com sua candidatura a ministro do STF.

Cachoeira: caça-níquel e prostituição
São horripilantes os relatos de agentes da Polícia Federal que participaram das investigações da Operação Monte Carlo. Vários tiveram que se infiltrar em verdadeiros cassinos mantidos ilegalmente pelo contraventor Carlos Cachoeira em Goiás. As casas forneciam gratuitamente comida e bebida para os frequentadores. Entre eles, mulheres que acabavam gastando mais do que podiam nas máquinas de caça-níquel. Para continuarem jogando e para arcar com suas perdas, muitas delas acabavam se prostituindo no próprio cassino, com seguranças, funcionários da casa e até mesmo com outros clientes da jogatina.

"Não sou mensaleiro, mas sou daqueles que acham que o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, deve explicações à CPI e à população — Fernando Francischini, deputado federal (PSDB-PR)


DESDE CRIANCINHA. O delegado Matheus Mella Rodrigues disse à CPI que há muitas ligações telefônicas entre Carlos Cachoeira e o suplente de senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). As conversas são de todos os tipos: desde Ataídes contando a Cachoeira que está no "Copa" com dez homens e 30 mulheres até empréstimo de avião. Sua explicação: "somos amigos de infância". Eles moram no mesmo prédio em Goiânia, o Escalibur.

Conexão externa
Segundo a investigação da PF, Roberto Coppola, o empresário argentino dos caça-níqueis e consultor de Cachoeira na Argentina e Uruguai, atuou para Cachoeira junto aos governos de Raimundo Colombro (SC) e Beto Richa (PR).

Lobby chique
A atriz Camila Pitanga está telefonando para os líderes na Câmara cobrando que eles votem a PEC que coíbe o Trabalho Escravo. Os deputados estão alegando que o texto carece de segurança jurídica e, por isso, pode ser rejeitado.

A Espanha se rendeu
Em crise financeira e precisando aumentar suas receitas, inclusive as do turismo, o chanceler da Espanha, José Manuel Garcia-Margallo, está vindo ao Brasil nesta semana. O chanceler vem especialmente para anunciar as mudanças das regras de recepção dos brasileiros no Aeroporto de Barajas, em Madrid, que historicamente tem sido o que mais deporta turistas do Brasil em toda a Europa. Parece que a reciprocidade valeu.

Custo Brasil
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, José Fernando Coura, está em campanha no Congresso contra o projeto de aumento dos royalties dos minerais. A entidade acredita que a mudança inibe novos investimentos no setor.

Fim de caso
O governador Sérgio Cabral tem dito para a cúpula do PMDB que se sente traído pelo dono da Delta, Fernando Cavendish. E que ele jamais suspeitou que o empreiteiro fosse sócio e tão íntimo do contraventor Carlos Cachoeira.

BOLSA REMÉDIO. O deputado Reguffe (PDT-DF) está em campanha para acabar com a cobrança de impostos sobre medicamentos. Seu argumento: "Países como Inglaterra, Canadá, Colômbia não cobram, no Brasil 35,7% do preço é de impostos".
56% dos ouvidos, em pesquisa Ibope, não querem que o governador Cid Gomes (PSB-CE) e o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) deem apoio ao candidato da prefeita Luizianne Lins (PT), em Fortaleza.
O MINISTRO Marco Aurélio Mello (STF) supendeu a execução de cobrança da Vale pela União, de R$ 30 bilhões (de IRPJ e CSLL), até a decisão do processo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Coluna Panorama Político de Hoje (11-05-2012) do jornal O Globo (Do Blog de Ilimar Franco), no Painel do Paim)


Coluna Panorama Político de Hoje (11-05-2012) do jornal O Globo (Do Blog de Ilimar Franco), no Painel do Paim)


É só o começo
          O delegado da PF Matheus Mella Rodrigues relatou à CPI que a investigação continua. Há milhares de interceptações telefônicas que ainda não foram transcritas. Elas revelam a extensão dos tentáculos de Cachoeira. Mostram que ele tinha canais abertos também nos governos Siqueira Campos (TO), Sinval Barbosa (MT) e Raimundo Colombo (SC). Numa gravação, o suplente de senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) aparece numa operação de lavagem de dinheiro num banco suíço.

Sururu na CPI do Cachoeira
A turma do deixa disso entrou em ação, ontem de manhã, na CPI. O senador Humberto Costa (PT-PE) foi contido depois de partir para cima do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Tudo começou quando Onyx disse: "Isso aqui pode virar um circo". Costa respondeu: "Já virou". Onyx perguntou: "Como é que é?". Costa retrucou: "Já virou e o senhor é o palhaço". Onyx devoldeu: "Sanguessuga!, referindo-se ao escândalo pelo qual Costa deixou o Ministério da Saúde. Costa, absolvido pela Justiça, reage indignado: "Como? Por que você está me chamando disso?". Onyx ainda devolveu: "Ué, só falei a palavra. Se a carapuça serviu...".

"O delegado relatou que Goiás vive uma metastase, tal a promiscuidade das relações políticas e a banalização da atividade pública. Isso me faz lembrar um pouco do Espírito Santo do passado — Ricardo Ferraço, senador (PMDB-GO)

ARROCHO. O ministro Guido Mantega (Fazenda) levou uma dura, esta semana, do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), na foto, do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do líder petista na Casa, Jilmar Tatto (SP). Os petistas queriam fazer o substituto de Ricardo Oliveira na vice-presidente de Governo do Banco do Brasil. Mantega ouviu pacientemente e depois comunicou a eles que o cargo não ficaria com o partido.

Onda furada
Na sessão secreta, o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), perguntou ao delegado da PF Matheus Mella Rodrigues se o repórter Policarpo Junior, da revista Veja, "praticou" ou "participou" de crime? A resposta foi peremptória: "Não!".

Suspeito...
A PF descobriu que o governador Marconi Perillo (GO), quando vendeu a casa onde reside e foi preso o contraventor Carlos Cachoeira, recebeu três cheques em pagamento emitidos por Leonardo Ramos, sobrinho de Cachoeira.

PR arruma emprego para Cesar Borges
No dia 14 de março, o líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), diante da oferta de nomeação para uma estatal, protestou diante da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) dizendo que Cesar Borges não precisava de emprego. Agora, o PR aceita emplacar Borges na vice-presidência de Governo do Banco do Brasil, que ficará vaga com a saída de Ricardo Oliveira. Naquele dia, Ideli comunicou ao partido que o ministro Paulo Sérgio Passos seria mantido no Transportes.

Pergunta no ar
A PGR não abriu inquérito contra o senador Demóstenes Torres (GO), em 2009, porque não haviam elementos como teria dito a sub-procuradora Cláudia Sampaio? Ou por estratégia como afirma agora o procurador Roberto Gurgel?

Desautorizado
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, quer que a presidente Dilma vete o texto do Código Florestal que não atenda ao acordo do Senado. O veto atinge texto aprovado na Câmara e que teve como relator o ministro Aldo Rebelo (Esporte).

O DEPOIMENTO do delegado Matheus Mella Rodrigues (Monte Carlo) agradou mais que o de Raul Alexandre Marques Sousa (Vegas). Raul leu. Matheus falou na ponta da língua, foi firme e convincente.
O SENADOR Sérgio Souza (PMDB-PR), suplente da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), está pedindo a quebra do sigilo teletônico da subprocuradora Cláudia Sampaio, mulher do PGR Roberto Gurgel.
O GOVERNADOR Sérgio Cabral (RJ) não foi citado uma única vez nas mais de seis horas de depoimento do delegado que comandou a Operação Monte Carlo.