terça-feira, 9 de outubro de 2012

Deputado do PSDB suspeito de ligação com Cachoeira depõe na CPI (Postado por Lucas Pinheiro)

 Depois de mais de um mês de reuniões suspensas por causa das eleições municipais, a CPI do Cachoeira retoma os trabalhos nesta terça-feira (9) com o depoimento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), suspeito de ter envolvimento com o contraventor, preso em fevereiro sob acusação de comandar uma rede de jogos ilegais e corromper agentes públicos.

Nesta segunda (8), o deputado afirmou que comparecerá à comissão. "Estarei lá e respondendo a todas as perguntas que me forem feitas" disse. Esta é a segunda vez que o tucano é convocado para responder a perguntas dos parlamentares que integram a CPI.

No começo de setembro, Leréia tinha audiência marcada, mas, no dia determinado, enviou comunicado à comissão dizendo que não iria comparecer. A secretaria da CPI informou, na ocasião, que Leréia tinha alegado compromissos pessoais anteriormente assumidos.

Para o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), a convocação do tucano desvia o foco da CPI. Segundo ele, a comissão deveria apurar desvios de recursos públicos operados através da construtora Delta, empresa que mantém contratos com o governo federal e governos estaduais.

As investigações da Polícia Federal apontam que a Delta repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas a Cachoeira, supostamente usado para pagamento de propina e caixa dois em campanhas.

 "Vai ser uma repetição. A questão é que estão valorizando o assessório e esquecendo o essencial. O essencial é o desvio de dinheiro público através da Delta. Há uma coleção de ilícitos praticados por pessoas poderosas. Portanto, o depoimento do Leréia não acrescenta absolutamente nada em relação ao objetivo da CPI", disse Alvaro Dias.

A reunião da comissão nesta terça, dois dias após o primeiro turno das eleições municipais, não contará com a presença de alguns parlamentares petistas. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou ao G1 que não comparecerá porque participará de encontro do diretório do PT em São Paulo.

O líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), que costuma participar das reuniões da CPI e fazer perguntas na condição de líder partidário, também afirmou que não comparecerá ao depoimento de Leréia.

"Vou participar de uma reunião com a ministra Ideli Salvatti [de Relações Institucionais] às 10h, no Palácio do Planalto. Acho que de tarde não vou à reunião da CPI", afirmou.


Denúncias
Segundo a Polícia Federal, Leréia mantinha relação próxima com Cachoeira e, conforme gravações de escutas telefônicas, chegou a receber a senha do cartão de crédito do bicheiro.
O própro Leréia chegou a afirmar no plenário da Câmara, em maio, que era amigo do bicheiro. Na ocasião, o deputado lembrou que era aniversário de Cachoeira.

"Meu nome é citado várias vezes como uma pessoa que falou frequentemente com o senhor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que, por sinal, faz aniversário hoje”, disse Leréia. “Está preso aí na Papuda. Faz 49 anos e é meu amigo pessoal”, disse o deputado na ocasião.

Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal e que estão com a CPI mostram a proximidade entre o deputado e o bicheiro. Em uma das gravações, feita no dia 3 de junho de 2011, Leréia afirma que estava indo à sede da Construtura Delta para conversar com Cachoeira.
As interceptações telefônicas, de acordo com a CPI, dão conta ainda de que repasses de dinheiro eram feitos ao deputado. Ele teria recebdio cerca de R$ 85 mil.

Requerimentos
Já na quarta (10), os integrantes da comissão se reúnem a partir das 10h15 para análise de requerimentos. Há mais de 300 requerimentos acumulados. Entre eles, os que pedem a quebra de sigilos das empresas suspeitas de serem fantasmas no esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Segundo o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), além dos requerimentos, os líderes partidários que compõem a comissão também devem começar a analisar o pedido feito pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS) para prorrogar a CPI.

A comissão tem prazo para funcionar até o dia 4 de novembro, mas pode ser prorrogada por mais 180 dias. Para que a prorrogação aconteça, são necessárias, no mínimo, 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara, mesmo número que foi preciso para a criação da comissão.

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