sábado, 23 de junho de 2012

Defesa discute se Demóstenes irá à sessão que pode votar cassação (Postado por Lucas Pinheiro)



A defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) informou que discutirá neste final de semana se o parlamentar vai comparecer à sessão do Conselho de Ética, na próxima segunda-feira (25), que votará o relatório sobre o processo disciplinar que apura se ele cometeu quebra de decoro parlamentar.
O senador é suspeito de ter usado o mandato para beneficiar os negócios do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro sob a acusação de comandar uma quadrilha de jogo ilegal que atuava com a participação de agentes públicos e privados.
A reunião do Conselho de Ética será aberta pelo relator do processo, senador Humberto Costa (PT-PE), que dirá qual tipo de sanção vai propor. As penalidades podem ser advertência, censura, perda temporária do exercídio do mandato ou perda definitiva do mandato.
"Vamos trabalhar ao longo deste fim de semana no processo. A gente vai decidir se o senador vai comparecer. Pelo código do conselho, há a possibilidade de não comparecer. O senador vai decidir", afirmou o advogado Marcelo Turbay, que integra a equipe de defesa de Demóstenes. O senador também deve participar das reuniões com a equipe de defesa.

Segundo o advogado, após o voto do relator do caso, a defesa fará sustentação oral a favor do senador. Somente depois os demais senadores poderão dar seu voto. São 18 com direito a voto - 17 membros do conselho, incluindo o relator, mais o corregedor do Senado.
O presidente do conselho, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), só vota se houver empate. A votação no conselho é nominal e aberta, ou seja, cada senador apresentará publicamente seu voto.
Marcelo Turbay informou que a defesa também vai analisar se distribuirá um memorial aos integrantes do conselho. Trata-se de um conjunto de documentos que apresentam a síntese da linha de defesa. "Na semana passada, a ideia era não apresentar. Isso será rediscutido pela defesa."

Argumentações
Na sustentação oral no Conselho de Ética, os advogados vão argumentar pela nulidade das interceptações telefônicas em que Demóstenes aparece conversando com Cachoeira, já que, como o senador tem foro privilegiado, as escutas, segundo eles, deveriam ter sido autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Além da usurpação da competência do Supremo, vamos apontar a irregularidade dos áudios porque há fortes indícios de edição e supressão de falas", disse Turbay.
Caso o Conselho de Ética vote a favor da cassação do mandato, o processo será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que avaliará a constitucionalidade do que foi decidido pelo conselho.
Se a CCJ confirmar a cassação, a decisão final ficará a cargo do plenário do Senado. No plenário, a votação é secreta.
Negou participação
Em depoimento de cinco horas ao Conselho de Ética do Senado no fim de maio, Demóstenes Torres negou que tenha usado seu mandato para favorecer o bicheiro.
Em discurso e após ser interrogado por parlamentares, ele voltou a afirmar que é amigo de Cachoeira, admitiu que o contraventor pagava sua conta de celular, mas negou que tivesse conhecimento de irregularidades cometidas pelo bicheiro.
Demóstenes disse que vive o "pior momento" de sua vida e que se sente traído por Cachoeira. Ele afirmou ser vítima do "maior massacre da história".

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